FRANCISCO DE ASSIS - SÍNTESE BIBLIOGRÁFICA
(1182 - 1222 )
PREFÁCIO
(Bezerra - Belo Horizonte, 19 de julho de 1982)
Para se falar sobre um anjo torna-se necessário ser um anjo também – condição da qual estamos muito longe. Vamos dar leves traços sobre este livro que retrata a personalidade de Francisco de Assis, há oito séculos atrás.
O nosso companheiro Miramez escolheu alguns acontecimentos ocorridos com o Poverello de Assis , em uma sequência de quarenta e quatro anos e que foram quarenta e quatro anos de caridade, vividos no seio da humanidade que ignorou a grandeza desta alma de esferas distantes, espírito destinado a deixar um traço de união entre todos os seres que vivem e todas as organizações políticas e religiosas.
O nosso amigo espiritual nos diz que este livro é uma simples anotação sobre a vida desse grande santo, que faz parte do colégio apostolar de Jesus.
Francisco de Assis viveu a mensagem do Evangelho de modo a consolidar a palavra Amor , fazendo-a sair da teoria e avançar para a prática no dia a dia. Não há jeito na terra de pensar e escrever sobre a caridade, sem lembrar do homem da Úmbria: todos os caminhos por onde passou falam dele. Deixou impregnado no tempo e no espaço, nas coisas e na própria natureza, algo de divino, que somente o tempo poderá revelar no futuro, para a grandeza da fé. Não se pode lembrar dos hansenianos sem encontrar a figura extraordinária de Francisco; não se pode falar da assistência social, sem que ele esteja no meio; não se pode referir ao amor, sem a sua benfeitora irradiação.
O Cristo operava no mundo pelas mãos angélicas desse Anjo de Deus, confortando os doentes, curando os enfermos, instruindo os ignorantes, fartando os famintos e vestindo os nus. Dava sem receber e recebia distribuindo. Amava sem exigências e, quando ofendido, amava o ofensor. Abençoava a todos, e, quando apedrejado, servia mais. Falava em ferir, e, quando ferido, compreendia o revoltado. Nunca se indignava e, quando em meio a revolta, orava em favor de todos. Trabalhava e amava o trabalho. Defrontando-se com a inércia, estimulava o labor. Tinha como base da felicidade, a alegria. Quando encontrava a tristeza, alegrava-se mais. Não falava em doenças. Quando encontrava enfermos, enfatizava a saúde, sem esquecer da fé. Ouvia em silêncio os que sofriam e falava quando a sua palavra fosse consolo ou paz. Desejava o bem de todos, sem cogitar de onde procediam, para onde iam, a qual escola ou partido político pertenciam. Não era dado a examinar procedências para servir, pois via a todos como filhos de Deus.
Francisco de Assis mostra o quanto vale o amor e faz a humanidade conhecer aquele Cristo de há dois mil anos, fundindo e refundindo todas as virtudes, na expressão que a sua vida nos oferta. Francisco venceu a morte porque venceu as imperfeições, lutou contra os instintos inferiores e alcançou a vitória sobre os inimigos internos, consolidou os dons espirituais no coração e irradiou o Bem em todas as direções.
Foi bom. Foi justo. Foi honesto. Foi feliz. Foi trabalhador. Foi irmão. Foi perdão. Foi manso. Foi energético. Foi compreensivo. Foi caridoso. Foi carinhoso. Foi pai. Foi tolerante. Foi humilde. Foi pastor. Foi santo. Foi místico. Foi homem. Foi Anjo.
Porque cultivou um jardim de virtudes dentro do coração, na presença do Cristo e na lavoura de Deus.
APÓSTOLO JOÃO, O EVANGELISTA
O INÍCIO DO NOME FRANCISCO
Mas, os soldados, temendo a vida de Pai João, ... Propuseram, então, ao homem santo, que vestisse uma farda velha de um dos soldados, raspasse o cabelo e trocasse o nome, transferindo-se para Éfeso, onde poderia permanecer como um desconhecido. Eles lhe sugeriram o nome de Francisco, que o Evangelista, sorrindo, aceitou.
Pai Francisco era adorado, pois sua pessoa trazia para o ambiente a presença do Cristo.
Está é uma fração da história do grande vidente do Apocalipse. Os escritores antigos e modernos perderam o fio dos fatos que com ele ocorreram. Quem poderia ter escrito muito sobre ele seria Pátius, mas, logo que pode tomar essa atitude, foi chamado para o além, por lei irremovível do destino. .. Após desencarnar, Pátius o acompanhou, pela afinidade do coração.
Tempos depois já no século XII, voltaram juntos, reencarnando-se na velha Itália, como mestre e discípulo, por se encontrarem naquelas plagas, campos de trabalho que requeriam maior urgência.
1181 – SÉCULO XII
SÍNTESE DO MOVIMENTO ESPIRITUAL NA TERRA
Francisco de Assis desceu à Terra em meio de enorme e terrível carnificina. A Idade Média fazia do mundo um palco nefando de ódio e de vingança. Depois de mil anos de cristianismo, foram abertas as portas das trevas, e ela foi tumultuada pelos agentes das sombras, contudo, Deus, em sua divina esquemática, não esquecerá das devidas proteções.”
OS PREPARATIVOS E A CONCEPÇÃO
DIA 24.12.1181 – SÉCULO XII
O espírito João Evangelista, em alta madrugada, adentrou a nave de descanso dos Bernardone. Sua futura mãe dormia serenamente, qual um Anjo, viajando nos espaços infinitos.
Maria Picallini, ao avistar aquela esplêndida figura espiritual dentro do seu quarto, não teve dúvidas de que se tratava daquele com o qual havia sonhado muitas vezes.
Minha irmã, disse João, que a paz de Jesus Cristo seja em teu coração, e te faça dentre as mulheres uma mãe e que seja minha, por excelência da vida! A minha gratidão nunca faltará, por esse teu gesto de amor; agradeceria poder nascer por teu intermédio.
O teu consentimento significa o selo da nossa união, em nome de Deus e do nosso Mestre.
Não sou dona de mim mesma, quando se trata da vontade do Mestre, respondeu Maria Picallini e continuando, que Deus me ajude a compreender os meus deveres diante de tão relevante tarefa no mundo! Sim, serás meu filho!
Perguntou Pedro Bernadone: - Que queres de mim? Ao que João amavelmente respondeu: - Que sejas meu pai! Desejo
nascer neste lar; não obstante, sem a tua aquiescência, terei que procurar outro.
Se depende de mim, meu deus, faça-se a tua vontade, que seremos os teus escravos. Pelo que vejo, a minha esposa já aceitou, e eu o aceito igualmente.
O discípulo de Jesus já estava ligado ao seu futuro corpo, em nome d'Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.
Era, aquela, a noite que antecedeu ao dia vinte e cinco de dezembro, data festejada em todo o mundo Cristão, como a do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Foi essa data que João Evangelista escolheu para atar seus laços na vida física, como Francisco Bernardone, sob as benções do Mundo Maior!
Era o ano de 1181.
O Natal de Jesus! ... Quando fazia 1.181 anos que o Cristo se fizera visível na terra, o Seu Discípulo do Amor crucificava-se na carne com sete amarras, que somente a morte física poderia desatar, quando o destino indicasse o tempo marcado pela divindade, para que o espírito voltasse a Pátria Espiritual.
A MISSÃO DE FRANCISCO
João Evangelista, como vigilante da Espiritualidade Maior, regressou como Francisco de Assis, na Úmbria, Itália, com a sagrada missão de aliviar, por misericórdia, o fardo pesado que estava imposto pelas Cruzadas aos ombros dos homens.”
MISSÃO DOS 201
Junto com ele, reencarnou também Pátius, o discípulo que formou quando se chamava João, o Evangelista, o último dos doze, na cidade de Éfeso, logo depois de deixar seu exílio na ilha de Patmos, onde viveu por longos 7 anos.
Pátius, junto com Francisco, chamou-se Frei Leão, escrevia tudo que o Iluminado dizia como médium do Cristo e depois as mensagens eram enviadas às igrejas de maior expressão que depois as transmitia as demais.
Filho do casal Renuns, Pátius ou Frei leão, depois volta sozinho à Itália, tendo Francisco como mentor espiritual e chama-se Pietro Ubaldi.
“Os grandes missionários, dos quais Francisco de Assis era o mais lúcido, contrabalançavam o mundo doutrinário, não deixando desaparecer a fé em deus e os exercícios espirituais em busca dos sentimentos altruísticos.”
NASCE FRANCISCO
O calendário marcava 26 de setembro de 1182. O dia amanhecera mosrando límpedo céu azul e o sol concedia seus raios nascentes, em diáfana claridade. O vento soprava com suavidade, cujos sons assemelhavam-se a acordes de delicados instrumentos, como se a natureza oferecesse ao mundo celestial musicalidade, em agradecimento à presença de quem sabia falar a todos os seus reinos. Qual filigrana de luz, descia sobre toda a Úmbria sutis eflúvios magnéticos, qual delicada rede de safírica coloração, tudo envolvendo em sua mansa acomodação. Forças cósmicas, em inteligente movimentação, anulavam quaisquer atividades que pudessem empanar a cosmografia ambiental.
Já anoitecia e sobre a mansão dos Bernadone caía, levemente, diáfana névoa como bênçãos enviadas dos páramos espirituais mais elevados, em favor de seus moradores.
Maria Picallini, ao sentir que a natureza estava prestes a apartar seu filho de suas entranhas, não desejando permanecer no luxo da mansão, fêz com que Jarla a levasse para a estrebaria, para que seu filho nascesse na simplicidade da pureza dos animais, quase se repetindo o quadro do nascimento de Jesus.
No exato momento em que dava à luz o seu filho, Maria Picallini, quase em êxtase, ouviu sublimado cântico na acústica de seu coração e viu a côrte de Anjos que viera assistir ao regresso à terra, pelos canais da reencarnação, de um espírito de elevada envergadura, fazendo-se homem nos caminhos do mundo.
Jarla, que levara consigo os apetrechos necessários ao parto, emocionada, separava mãe e filho, cortando o laço físico que os unia, eternizando assim os laços espirituais daquele ser com toda a humanidade.
Ao derredor do estábulo os animais compareceram e parecia que baixavam suas cabeças em reverência àquele que chegava de esfera resplandecente, com as sagrada missão de amar com aquele amor que não escolhe, desde os insetos até os astros. O Sol e a Luz foram o princípio do seu amor infinito. E os animais ali prostrados incentivariam seu coração grandioso, para dentro dele aconchegar o mundo e os homens.
Nascia Francisco, como Jesus, na pureza da natureza e na companhia singela dos animais. E Maria Picallini recebeu o seu filho das mãos de Jarla, como o maior prêmio que a vida lhe conferiu, nos horizontes da Terra, cobrindo o seu rostinho de beijos de todas as naturezas. Dir-se-ia que o coração classificara os afetos no calor das virtudes que ela possuía. e falou com a maior ternura que uma mãe feliz possa expressar: O nome dele é JOÃO.
O ALISTAMENTO MILITAR
Francisco se deitara pensando no seu destino. Desde menino, tinha admiração pelas histórias que ouvira sobre o grande Caio César e sobre Carlos Magno. Deixava desfilar em sua mente essas personagens guerreiras, mas ao mesmo tempo, humanas. Pensava, já que não podia ser útil no próprio lar e ajudar seu pai, poderia ajudar sua terra natal, que entrara em guerra com a Perúsia. Um homem poder ser útil também na guerra, defendendo a região à qual pertence.
Estava resolvido: iria alistar-se na cavalaria. Iria como nobre, para defender a nobreza de caráter do povo de Assis.
Inseparáveis, partiram para a luta, mas a Providência divina convocou-os para outro tipo de guerra. Em acirrada batalha, Francisco foi encurralado pelos inimigos. Shaolin avançou em sua defesa e caiu igualmente no cerco, sendo ambos aprisionados.
O CONVITE DE JESUS PARA QUE FRANCISCO CONSTRUISSE SUA IGREJA
Entrou como em ligeiro sono e ouviu uma voz,a mesma voz sua companheira, que lhe falou nestes termos: Francisco!...constrói a minha Igreja!..., Francisco!...constrói a minha Igreja!..., Francisco!...constrói a minha Igreja!...
Como a voz lhe tinha pedido para reconstruir a Igreja, tomou como ponto de inspiração a pequena igreja da localidade, de nome São Damião. Saiu pedindo de porta em porta, não mais como nobre, porém, como homem comum, como filho de Deus e discípulo de Cristo, ajuda para reconstruir a pequena igreja, contando o ocorrido com ele. E quase todos iam lhe ofertando o que podiam para a reconstrução da velha casa de Deus.
211 – SÉCULO XIII
O DESENCARNE DE FRANCISCO
09 de outubro, retorno de Francisco de Assis á Pátria Espiritual, aos 39 anos de idade.
Quando o cortejo ia passando perto de um leprosário, e alguém mencionou esse nome, ele falou com mansidão e alegria.
Meus filhos, eu desejava ver os filhos do meu coração, e como não posso vê-los com os olhos da carne, ficaria satisfeito em tocá-los e oferecer o meu ósculo aos Filhos do Calvário, onde Jesus se encontra mais próximo de nós, por amor aos que padecem.
O calendário marcava a data de três de outubro de 1226...
O Sol começava a apagar-se no poente, quando a alma Francisco de Assis começou a apagar-se no poente da vida física, para esplender fulgurante na eternidade. Os frades, todos de joelhos, cantavam e choravam, e Francisco ascendeu ás alturas. Frei Rogério viu com toda a nitidez Pai Francisco subindo aos Céus refulgindo-se em luzes, ao encontro do Cristo.
No mundo espiritual viam-se duas alas de espíritos. Eram os mais renomados cristãos primitivos, dando cominho a Jesus todo resplandecente, as mãos reluzindo como duas estrelas, Francisco avançou para o Mestre, dobrou os joelhos de emoção e chorou como criança. Jesus levantou-o com carinho, e ele, apoiando em Seu ombro, pediu com humildade:
Mestre, se por ventura mereço a Tua Benção, que ela seja dada aos companheiros que ficaram no mundo. Eles carecem da Tua ajuda agora e sempre.
( Texto baseado no Livro Francisco de Assis , pelo Espírito Miramez , através do médium João Nunes Maia )
FRANCISCO DE ASSIS COM OS ANIMAIS
A proximidade de Francisco com a natureza sempre foi a faceta mais conhecida deste Espírito. Seu amor universalista abrangia toda a Criação, e simbolizava pra muitos um retorno a um estado de inocência.
Muitas histórias com animais cercam a vida de Francisco de Assis. Certa vez ele viajava com seus irmãos e eis que viram ao lado da estrada árvores lotadas de passarinhos. Francisco disse a seus companheiros: "aguarde por mim enquanto eu vou pregar aos meus irmãos pássaros". Os pássaros o cercaram, atraídos por sua voz, e nenhum deles voou. Francisco falou a eles:
"Meus irmãos pássaros, vocês devem muito a Deus, por isso devem sempre e em todo lugar dar seu louvor a Ele; porque Ele lhe deu liberdade para voar pelo céu e Ele os vestiu. Vocês nem semeiam nem colhem, e Deus os alimenta e lhes dá rios e fontes para sua sede, montanhas e vales para abrigo e árvores altas para seus ninhos. E embora vocês nem saibam como tecer, Deus os veste e a suas crianças, pois o Criador os ama grandemente e o abençoa abundantemente. Então, sempre busquem louvar a Deus".
Também se conta que, quando Francisco agradeceu ao seu burrinho por tê-lo carregado e ajudado durante a vida, o burrinho chorou.
Francisco de Assis e o lobo de Gúbio
Gubbio , uma cidade na Úmbria, Itália, estava tomada de grande medo. Na floresta da região vivia um grande lobo, terrível e feroz, o qual não somente devorava os animais como os homens, de modo que todos do povoado estavam apavorados! Por isso, cercaram a cidade com altas muralhas e reforçaram as portas. E todos andavam armados quando saíam da cidade, como se fossem para um combate.
Certa vez, quando Francisco chegou naquela cidade, estranhou muito o medo do povo. Percebeu que a culpa não podia ser unicamente do lobo. Havia no fundo dos corações uma outra causa que era tão destrutiva, como parecia ser a causa do lobo.
Logo, Francisco ofereceu-se para ajudar. Resolveu sair ao encontro do lobo, sozinho e desarmado, mas cheio de simpatia e benevolência pelo animal, e como dizia às pessoas, na força da “Cruz”. O perigoso lobo, de fato, foi ao encontro de Francisco, raivoso e de boca aberta pronto para devorá-lo! Mas quando o lobo percebeu as boas intenções de Francisco e ouviu como este se dirigia a ele como a um “irmão”, cessou de correr e ficou muito surpreendido. As boas vibrações de Francisco de Assis anularam a violência que havia no “irmãozinho” lobo.
De olhos arregalados, viu que esse homem o olhava com bondade. Francisco então falou para o lobo:
- Irmãozinho Lobo, quero somente conversar com você, “meu irmão”... E caso você esteja me entendendo, levante, por favor, a sua patinha para mim!
O “irmãozinho lobo”, então, perante "tão forte vibração de amor e carinho", perdeu toda a sua maldade. Levantou, confiante, a pata da frente, e calmamente a pôs na mão aberta de Francisco...
Então, Francisco disse-lhe amorosamente:
- Querido Irmãozinho Lobo, vou fazer um trato com você! De hoje em diante, vou cuidar de você, meu irmão! Você vai morar em minha casa, vou lhe dar comida e você irá sempre me acompanhar e seremos sempre amigos! Você, por sua vez, também será amigo de todas as pessoas desta cidade, pois de agora em diante você terá uma casa, comida e carinho, sendo assim, não precisará mais matar nem agredir ninguém, para sobreviver..."
Com a promessa de nunca mais lesar nem homem nem animal, foi o lobo com Francisco até a cidade. Também o povo da cidade abandonou sua raiva e começou a chamar o lobo de "irmão". Prometeram dar-lhe cada dia o alimento necessário. Finalmente, o “irmão lobo” morreu de velhice, pelo que, todos da cidade tiveram grande pesar.
Ainda hoje se mostra em Gubbio, um sarcófago feito de pedra, no qual os ossos do lobo estão depositados e guardados com grande carinho e respeito durante séculos.
Assim acontece em nossas vidas! Se oferecermos aos nossos semelhantes azedume, palavras de pessimismo, rancor, ódio e intolerância, receberemos indubitavelmente, na mesma dose, tudo aquilo que semearmos... Pois como dizia Francisco, "é dando que recebemos..."